O aço é um material totalmente reciclável, com o atributo de não perder sua qualidade mesmo com sucessivos reaproveitamentos. Esta qualidade faz com que o setor de produção consiga números de destaque em práticas sustentáveis se comparado com outros segmentos. Essa sustentabilidade na indústria siderúrgica foi o tema de um dos painéis do dia de abertura do Congresso Aço Brasil, evento promovido pelo Instituto Aço Brasil e que vai até amanhã, quarta (22), no Hotel Transamérica, em São Paulo. Frederico Ayres Lima, conselheiro do Aço Brasil e diretor-presidente da Aperam South America; debateu o assunto com Peter Levi, analista de tecnologia de energia da Agência Internacional de Energia; e com o professor Michael Braungart, CEO da Environmental Protection and Encouragement Agency (EPEA).
“O aço e, por consequência, a sucata, é o produto mais reciclável do mundo, que pode ser reaproveitado inúmeras vezes”, destacou Ayres Lima. Segundo ele, no entanto, a indústrias brasileira também se destaca por outras práticas. De acordo com o Relatório de Sustentabilidade, produzido pelo Instituto Aço Brasil, as empresas brasileiras conseguem o impressionante índice de 96% de recirculação da água usada no processo de produção das ligas metálicas. Além disso, a indústria gera quase a metade da energia que consome.
O Relatório de Sustentabilidade é publicado a cada dois anos. “Fomos pioneiros em produzir uma publicação com esta no Brasil. Hoje, diversas outras indústrias já seguem o nosso exemplo e apresentam materiais do tipo”, lembra o conselheiro do Instituto Aço Brasil.
Para o professor Michel Braungart, é preciso pensar em eficiência. “Vamos pegar o exemplo de uma cerejeira. Ela produz oxigênio, óleo, frutos e, mesmo assim, todos os seus componentes são reabsorvidos pela natureza. Por outro lado, um telefone celular composto por 41 elementos e apenas nove deles são recicláveis. Nós fazemos coisas ruins perfeitamente bem e coisas boas perfeitamente erradas”, brincou.
Em sua apresentação, Braungart mostrou exemplos como o navio Triple-E, da Maersk Line, de 55 mil toneladas, feito inteiramente com materiais reutilizáveis, que podem dar origem a outro navio. Este é o pensamento Cradle To Cradle (Berço ao Berço) idealizado pelo professor e que virou um instituto de mesmo nome. “Temos que ter em mente que ninguém precisa do aço em si. Nós precisamos é do serviço que o aço nos oferece”, finaliza.
Já Peter Levi, da Agência Internacional de Energia, falou como a indústria deve lidar com a questão da geração de energia num mundo em que as emissões de CO2 só aumentam. “É preciso pensar no desenvolvimento sustentável aliado com a segurança energética, conciliando um baixo custo de transição. Para isso, é essencial a sinergia do setor siderúrgico com outros setores industriais”. De acordo com o analista, a redução da emissão de CO2 no setor passa por processos já de aprimoramento da fundição e ‘reciclagem de gases’.
O painel encerrou as atividades do primeiro dia de Congresso.
Congresso Aço Brasil – Com o objetivo de promover a análise e o debate de temas de grande relevância para a indústria do aço no Brasil e no mundo, o Congresso reúne todos os anos renomados palestrantes nacionais e internacionais. Como destaques entre os convidados, estarão no Brasil na edição de 2018 Peter Levi, da Agência Internacional de Energia; e Michael Braungart; CEO da Environmental Protection and Encouragement Agency (EPEA).
Texto original de: www.congressoacobrasil.org.br.